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CATADORA DE VÔNGOLE, 2008.
A catadora de vôngole com sua autonomia
e necessidade, explora cada milímetro do
mangue, na temporada de maré seca; em
busca de sua sobrevivência, sem agredir o
meio ambiente, já que tem o conhecimento
do sol, da lua e das marés. Sabe que seus dias
lucrativos depende da oferta da natureza.
Uma mulher negra que a única forma de
sobrevivência desde o ventre de sua mãe, foi o
mapeamento dos manguezais, dialogando
com as estações propícias ao crescimento do
vôngole. Com uma colher de sopa, ela escava
a areia em gestos coordenados, dentro do seu
silêncio.
O objeto que usa para transportar a colheita,
parece uma escultura, foi criado por ela. (uma
bombona recortada e amarrada com arame
grosso, para suportar o peso. “Uma caçamba”.)
As crianças parecem, divertir-se a andar de
cócoras por horas mariscando com sua colher,
em um sol intenso. Pergunto a uma delas se
estuda, ela responde que sim, á tarde, e pela
manhã colabora com a mãe.
A lida não para...Dias e noites seguidos. Muito
breve essa maré seca voltará ao normal.
A ideia de fotografar os catadores de vôngole
surgiu a partir da observação direta dessas
mulheres e crianças em seu ambiente de
trabalho. As formas e as cores que vi em
Itaparica, surpreenderam-me.
Passei dias seguindo-as, tentando não
importunar.